Embaixadores de sete países amazônicos, do Comitê Gestor da Internet (CGI), do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e senadores da região deram início nesta quarta (19), no Senado, à campanha “Nossa Amazônia – Contra a Privatização do Nome Amazônia”. Por meio de uma petição eletrônica (www.nossaamazonia.org.br), o movimento promove um abaixo-assinado contra a pretensão da gigante do comércio online Amazon de obter na internet o domínio genérico do sufixo .amazon, palavra inglesa que significa Amazônia.
A ação pretende fortalecer o pedido da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), formado pelo Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador, Guianas e Suriname, para que a ICANN (Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números) retire da sua lista de avaliação a solicitação feita pela multinacional norte-americana.
“Isso funciona no âmbito da internet como uma patente, qualquer outro país, região, cidade, povos e entidades que queiram utilizar o sufixo .amazon teria que não só pedir licença, mas também a ela pagar. Por isso, queremos transformar essa luta para além do institucional, envolvendo a população, entidades, parlamentares de todos os níveis para dizer não a esse pleito de uma empresa privada”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Itamaraty, Benedicto Fonseca Filho, explicou que o assunto será debatido na reunião do comitê gestor de governos (GAC) da ICANN no próximo mês, em Durban, na África.
“Nossa preocupação é que do ponto de vista político temos um apoio expressivo, mas não há unanimidade. Por isso, precisamos do apoio da sociedade”, afirmou. Ele explicou ainda que a reunião do GAC não é decisiva, mas aprovando uma recomendação favorável será importante para barrar as pretensões da Amazon.
O coordenador-geral do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, disse que mais do que uma questão de identidade geográfica, a luta envolve a cultura e a vida de todo o povo da região. Ele protestou contra a Amazon, que pelo domínio da marca, ingressou na Justiça contra o canal de tevê Amazon Sat, de grande importância na região. Ele diz que a entidade estará empenhada na mobilização do movimento social no Brasil e em todos os países amazônicos.
O secretário-geral da OTCA, embaixador Robby Ramlakha, teve uma sugestão acatada para fazer a tradução do site da petição em pelo menos três idiomas. Ele prometeu empenho para levar a campanha para todos os países amazônicos.
Ao defender o modelo brasileiro por levar em conta os interesses públicos, o secretário-geral do CGI, Hartmut Richard Glaser, diz que a Amazon pretende utilizar a fama e o prestigio no nome Amazônia apenas por interesse econômico. “Eles querem controlar tudo que vem antes do amazon, a exemplo, de manaus.amazon, bolivia.amazon, isso não dá para apoiar”, protestou.
Ainda estiveram presentes no evento os senadores Eduardo Braga (PMDB-AM), João Capiberibe (PSB-AP), Natascha Halfhuid, ministra Conselheira da Embaixada do Suriname; Lerlin Udho, embaixador da Guyana; Percival Henriques de Souza Jr, do CGI; Laura Donoso, embaixadora Equador; Ricardo Montenegro, embaixador da Colômbia; Raúl Meneses, Secretário no Peru; e José Carlos Torven, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas.
Fonte: Campanha Nossa Amazônia