22 de novembro de 2024

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Altamiro Borges: Petrobras devia suspender publicidade

Por razões descaradamente eleitoreiras, a mídia privatista realiza novamente uma intensa ofensiva contra a Petrobras. Nos últimos pleitos, ela já havia protagonizado a mesma operação-desmonte – forçando CPIs e fabricando factóides. Agora, a midiazona usa delações “premiadas e premeditadas” de dois corruptos notórios para atacar a estatal. O objetivo é desgastar a presidenta Dilma e alavancar a candidatura do playboy Aécio. De quebra, ela aproveita para propor a privatização da Petrobras. O jornal O Globo defendeu esta tese em editorial na semana passada. Diante desta ofensiva, fica a pergunta: por que o governo não aproveita esta cruzada e suspende os milionários anúncios da estatal à mídia privatista?

Por Altamiro Borges, em seu blog

A presidenta Dilma inclusive já afirmou que o vazamento criminoso dos depoimentos sobre a Petrobras é uma tentativa de golpe. Infelizmente, ela não deu o nome dos golpistas – especialmente, dos donos da mídia, que tiveram acesso às investigações sigilosas. Em comício em Canoas (RS) neste final de semana, ela afirmou que “eles [os tucanos] jamais investigaram, jamais puniram ou acabaram com o crime horrível da corrupção e, agora, na véspera da eleição, querem dar um golpe”. Dilma criticou os hipócritas do PSDB pela “evidente manipulação política” das delações, mas também poderia ter se referido aos donos da mídia privatistas, que fazem o maior escarcéu com estas denúncias seletivas.

A revista Veja produz suas “reporcagens” terroristas; os jornalões estampam manchetes diárias; e as emissoras de tevê e rádio ocupam a maior parte da sua cobertura “jornalística” para amplificar as denúncias. Na prática, a presidenta Dilma tem apenas 10 minutos do seu programa partidário para se defender dos ataques levianos. O restante da programação da TV se transformou num verdadeiro “horário eleitoral gratuito” do tucano Aécio Neves. O PSDB, que sempre menosprezou a Petrobras e até tentou privatizá-la – já tinha rebatizado a estatal de “Petrobrax” –, surfa nesta onda midiática para fazer campanha eleitoral e criar novamente o clima para sua proposta de desmonte da empresa.

Em comício em São Paulo, o ex-presidente Lula disse que está “de saco cheio” destas denúncias que afetam a imagem da Petrobras. A presidenta Dilma também tem se mostrado mais irritada com estas “tentativas de golpe”. Já os entreguistas de plantão, excitados com os novos factóides da mídia, festejam as “delações premiadas e premeditadas” de dois notórios corruptos – Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Neste clima de confronto aberto, faço uma singela sugestão: Por que a Petrobras não aproveita este período de ataques para suspender a publicidade que enriquece os barões da mídia? Dos 2,313 bilhões de anúncios oficiais em 2013, uma parcela significativa saiu do caixa desta poderosa estatal.

A Petrobras vai continuar alimentando as cobras que tentam envenená-la? O que justifica bancar milhões em anúncios na TV Globo, na revista Veja e nos jornalões, que atuam como uma máfia com o nítido objetivo de destruir este importante patrimônio do povo brasileiro? Já que está em curso uma investigação “rigorosa” sobre a empresa, nada mais justo do que suspender temporariamente os anúncios publicitários!