5 de dezembro de 2024

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Nem Temer salva as emissoras de TV

Por Altamiro Borges*

Nem Michel Temer, com toda a sua bondade no uso da grana pública em publicidade oficial, está conseguindo salvar as emissoras de televisão. Em decorrência da explosão da internet, da perda de credibilidade e da péssima gestão familiar, entre outros fatores, várias delas devem encerrar o balanço financeiro de 2017 com pouco lucro ou no vermelho. É o que informa o jornalista Ricardo Feltrin em postagem nesta terça-feira (2) no UOL. A única que ainda se salva é a Rede Globo, que mesmo assim passa por bruscas mudanças na sua direção – os herdeiros da famiglia Marinho inclusive cederam, pela primeira vez na história, a presidência do Grupo Globo para um executivo profissional. 

Segundo o relato de Ricardo Feltrin, “o ano que terminou não vai deixar muitas saudades à maioria absoluta das TVs abertas. Com exceção da líder bilionária Globo, as demais emissoras devem encerrar o balanço de 2017 com pouco lucro, nenhum ou então no vermelho”. No caso do império global – que inclui TV aberta e paga, rádio, internet, jornais, revista, etc. –, ele só ainda “lucra muito porque concentra a fatia hegemônica da publicidade brasileira. Todo o Grupo Globo, estimam os especialistas ouvidos sob anonimato pela coluna, deve fechar o faturamento na casa dos R$ 15 bilhões no ano passado. Seu lucro líquido deve permanecer na casa dos R$ 1,7 bilhão”. Mesmo assim, a emissora carioca “vem fazendo cortes e ajustes sistemáticos de custos nos últimos anos, em todos os setores – inclusive na área artística”.

Já a Record “deve faturar no total de R$ 1,8 bilhões a R$ 2,0 bilhões, mas aí estão incluídas as centenas de milhões anuais que a Igreja Universal repassa à emissora em troca de suas madrugadas. No entanto, se houve lucro ele será bem menor que o do ano passado (o recorde de R$ 227 milhões). A emissora também fez grandes cortes e ajustes nos últimos três anos. Como empresa, a Record também passou por uma espécie de ‘higienização’ de suas relações trabalhistas: hoje é uma das TVs que sofre menos ações de ex-empregados”.

 
A situação da emissora do mercenário Silvio Santos é ainda mais dramática.  “O SBT passou dezembro fazendo cortes de pessoal e de gastos. Em 2016 seu lucro líquido foi de apenas R$ 6,6 milhões, uma queda de 91% em relação ao ano anterior. Em 2017 a estimativa de faturamento (especulação) está abaixo de R$ 800 milhões, e a emissora deve fechar no vermelho. O Grupo Silvio Santos como um todo, aliás, tem passado por um ajuste. A emissora ainda teve no ano passado o desprazer de ver confirmada uma multa de R$ 2 bilhões da Receita, devido a supostas irregularidades em tentativa de ‘salvamento’ do banco Pan Americano – uma crise que se arrasta desde o fim da década passada. Embora o Grupo SS esteja recorrendo em instâncias outras, esse passivo ainda pode se tornar grande fonte de desgosto contábil nos próximos anos”.

Já a emissora da famiglia Saad “continua seu longo processo de recuperação financeira. Nos últimos anos ela promoveu corte de custos em todas as áreas, vendeu ativos (antenas de transmissão, por exemplo) e tem estudado a possibilidade de vender o canal 21 (no passado chegou a pedir R$ 1 bilhão à Universal, que não aceitou). Ao mesmo tempo em que faz corte de custos, a Band pratica com empenho a venda de faixas da programação para terceiros, especialmente igrejas… O faturamento estimado do Grupo Band em 2017 deve ficar na casa dos R$ 350 milhões, mas a emissora tem algumas pendências para resolver, inclusive uma suposta dívida milionária com a Globo relativa a direitos de transmissão de futebol. O lucro líquido provavelmente será zero. Ou vermelho”.

Outra que está em apuros é a RedeTV!. “Em 2016 a emissora teve faturamento de cerca de R$ 390 milhões, mas sua lucratividade é desconhecida no mercado. Em 2017 esse valor deve ter razoável queda, já que houve uma contração geral do mercado, com muita insegurança e menores investimentos. Assim como a Band, a Rede TV! Vende muitas faixas horárias para igrejas, e seu vice-presidente afirma que, sem isso, a emissora quebraria”.

*Altamiro Borges é presidente do Barão de Itararé