A chegada do filme CAVALO, de Rafhael Barbosa e Werner Salles, ao circuito de cinemas em 12 de agosto, é um grande marco para a história do cinema do estado de Alagoas. Trata-se do primeiro longa-metragem realizado no estado com recursos públicos.
Por Alma Preta
Durante muitas décadas, Alagoas esteve presente no imaginário do cinema nacional apenas figurando como cenário. Entre os exemplos estão clássicos como “S. Bernardo” (1971), de Leon Hirszman, “Vidas Secas” (1963), de Nelson Pereira dos Santos, e grande parte da filmografia de Cacá Diegues, cineasta alagoano que deixou o estado quando criança para viver no Rio de Janeiro, mas transformou as memórias afetivas da infância em matéria prima poética para obras como “Joana Francesa” (1973), “Bye Bye Brasil” (1979) ou “Deus é Brasileiro” (2003).
A história começou a mudar há 10 anos, quando o primeiro edital público para estímulo à produção local foi lançado e cinco projetos de curtas receberam a quantia de 15 mil reais. Teve início um movimento cinematográfico que se fortaleceu na última década, muito beneficiado pela política dos Arranjos Regionais da Agência Nacional de Cinema – Ancine.
Agora, em meio ao desmonte das políticas públicas no âmbito federal, o ano de 2020 foi um marco simbólico para a produção de Alagoas. CAVALO chegou ao circuito de festivais como ponta de lança de uma cena que antes já vinha cavando espaço com curtas-metragens premiados. O filme circulou por mais de 30 festivais nacionais e internacionais.
Quando em sua exibição no último festival Olhar de Cinema de Curitiba, o curador Eduardo Valente escreveu sobre CAVALO: “que se tenha feito um longa em Alagoas, com realizadores e equipe local, é um acontecimento significativo por si mesmo no contexto histórico do cinema brasileiro, que remete ao resultado de uma série de políticas públicas que encontram em fatos como esse sua maior justificativa, mas para além de fato histórico ou social importante, o melhor é que o filme que resulta disso seja tão corajoso, ousado e que atinja tantos grandes momentos de cinema”.