2 de julho de 2024

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60 anos do golpe: memória é fundamental para barrar recorrência do pesadelo, afirmam debatedores

Em 2024, o golpe militar no Brasil, que resultou num dos períodos mais sombrios da história do país com milhares de pessoas exiladas, torturadas, mortas e desaparecidas, completa 60 anos. Para lembrar o papel que mídia cumpriu em apoio aos militares em 1964, na construção do golpe judicial, midiático e parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff em 2016 e também como esses fatores influenciaram na eleição de Jair Bolsonaro em 2018, O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu uma live, na terça-feira (12), para debater o assunto.

Por Érika Ceconi/Barão de Itararé 

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Com a presença da diretora do Grupo Tortuna Nunca Mais Bahia, Diva Santana, que teve sua irmã e cunhado desaparecidos políticos, durante a ditadura militar, da historiadora Beatriz Kushnir e do assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda, o encontro destacou a importância de iniciativas como a Lei de Acesso à Informação, a instauração da Comissão Nacional da Verdade (2012), que investigou as graves violações aos direitos humanos no período ditatorial, porém, segundo os debatedores, ainda faltam ações do governo para responsabilização e punição dos responsáveis pelos abusos cometidos. O debate foi apresentado pelo fundador do Jornal Empoderado e coordenador do Barão de Itararé, Anderson Moraes.

Assista a íntegra da live disponível no Canal do Barão no YouTube:

Entre as demandas dos familiares das vítimas da ditadura militar está a reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, órgão que foi extinto no governo Bolsonaro.”Eu quero que essa página esteja na história, não vamos esquecer [da ditadura militar]. O Estado brasileiro continua com uma dívida muito grande em relação a essa questão. Temos a dor da ausência, da dor do desaparecimento dos nossos familiares”, disse Diva Santana.

A autora do livro “Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988″ (Boitempo), sobre o colaboracionismo da grande imprensa e em especial do Grupo Folha Manhã com a ditadura pós-1964″, Beatriz Kushnir destacou o papel da mídia para a efetivação do golpe. “Houve um grande colaboracionismo de parte da imprensa com os órgãos de repressão, o jornal [Folha da Manhã] via interesse em ter uma redação que pudesse apoiar o golpe”, alertou.

Por sua vez, Nilmário Miranda, falou sobre a importância da resistência da sociedade e de ações para o resgate da história. “Vamos continuar trabalhando, criando memoriais. Buscar a verdade histórica é um dever, não se constrói democracia com mentira”, enfatizou.