22 de outubro de 2024

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Milei usa fake news para justificar “auditoria” e atacar universidades públicas da Argentina

Universidade de Buenos Aires (Foto: Deensel / Flickr)

Durante um ato para renomear o Centro Cultural Kirchner, em Buenos Aires, como Palácio da Liberdade Domingo Faustino Sarmiento, o presidente Javier Milei, do partido ultradireitista La Libertad Avanza (LLA), atacou novamente as universidades e afirmou que os estudantes – que mantêm faculdades ocupadas em todo o país – são “reféns” dos reitores.

Por Stella Calloni/Diálogos do Sul Global
Tradução: Beatriz Cannabrava

O governo anunciou ainda que se juntou formalmente às Forças Marítimas Combinadas, integradas por 46 países sob o comando de um comandante dos Estados Unidos e um vice-comandante do Reino Unido, para garantir a circulação em algumas das rotas comerciais no Oriente Médio, em um contexto de guerra total.

Além disso, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para substituir vários artigos da Constituição nacional com o objetivo de favorecer a propriedade privada, que lhe permitiria avançar em seus projetos de destruir o Estado nacional.

Diante de uma imensa sala vazia, após Milei e sua irmã terem sido vaiados por centenas de pessoas nos últimos dias, o presidente da câmara dos deputados, Martín Menem, também foi alvo de protestos em Río Gallegos, província de Santa Cruz, e teve ovos atirados contra ele; o mesmo aconteceu no sábado (12) em Rosário, onde foi atacado com pedras, uma mostra de que a paciência está chegando ao fim.

Também no sábado, rodeado por parte de seu gabinete e com um enorme esquema de segurança, Milei chegou ao agora ex-Centro Cultural Néstor Kirchner e foi novamente vaiado; parecia muito nervoso, lendo seu discurso centrado em atacar as universidades públicas.

Ele afirmou: “não está em jogo a universidade pública e gratuita. Queremos acabar com os vazamentos do dinheiro que entra na universidade e o que chega aos alunos e professores, e não o que fica no meio com carros de 90 mil dólares (?). Por isso queremos auditá-las, não porque queremos fechar universidades, como mentem para as pessoas. Se não querem ser auditadas, é porque estão sujas”. Além dessa falsidade, disse que as universidades favorecem apenas “estudantes ricos e da classe média”, e que não há pobres estudando.

Milei mente sobre universidades

Isso foi rapidamente desmentido por Juan Tomás Olmos, da Auditoria Geral da Nação (AGN), que advertiu que as universidades já são auditadas e que essa tarefa não é competência do Executivo, mas sim do Congresso.

Além disso, o Conselho Interuniversitário Nacional (CIN), que integra todas as universidades nacionais do país, afirmou que “é falso que os pobres não estejam nas universidades”, lembrando que 48,5% dos dois milhões de estudantes universitários “estão abaixo da linha de pobreza” e que sete em cada dez alunos pertencem a famílias que nunca tiveram acesso à universidade. Inclusive, são as entidades que encabeçam as listas das mais bem auditadas.

Alinhamento automático aos EUA e a Israel

Em meio à difícil situação do país, soube-se que a Argentina se juntou às Forças Marítimas Combinadas comandadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido no Mar Vermelho, e o ministro da Defesa, Luis Petri, disse que “trata-se apenas de treinar e aprender como se são desenvolvidas as atividades de proteção”.

Esse foi mais um passo na aliança automática do país com os Estados Unidos e Israel, integrando-se às forças militares marítimas, junto a 46 países.

Petri, cercado por um grupo de marinheiros, indicou que o objetivo é garantir a circulação em algumas das rotas comerciais no Oriente Médio em meio à guerra. Menciona-se que não participariam dos conflitos, mas como isso pode ser garantido se devem tentar impedir os ataques das milícias hutis, que são consideradas aliadas do Irã no Iêmen?

O governo de Milei, sem qualquer consulta ao Congresso ou à opinião pública, apoiou abertamente o genocídio de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, assim como o governo de Volodimir Zelensky na Ucrânia, colocando a Argentina em risco de enfrentar forças pró-iranianas e outras.

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