Por Altamiro Borges*, em seu blog
Em plena ofensiva reacionária da “bancada do BBB” – bala, boi e bispo – pela redução da maioridade penal, a “Veja” exibiu na semana passada uma capa sensacionalista com quatro menores e a manchete terrorista: “Eles estupraram, torturaram, desfiguraram e mataram. Vão ficar impunes”. Nesta terça-feira (30), porém, a edição criminosa sofreu um baque. A Defensoria Pública de São Paulo moveu ação contra a Editora Abril por “violar os direitos dos adolescentes à inviolabilidade de imagem e à privacidade” e por “facilitar a identificação dos rapazes”, estimulando represálias e linchamentos.
“Os Defensores Públicos responsáveis pela ação argumentam que a revista facilitou a identificação dos rapazes, considerando a popularidade e abrangência nacional da revista e os acessos por meios eletrônicos e redes sociais, além do fato de Castelo do Piauí ser uma cidade de apenas 19 mil habitantes. Segundo a ação, o risco de linchamento, devido ao clamor público por justiçamento, já havia feito as audiências de apresentação dos adolescentes serem transferidas para Teresina”, explica um dos trechos do release divulgado pelo órgão.
Além de criticar a capa da asquerosa “Veja”, afirmando que ela incita o ódio, o órgão decidiu exigir, em medida liminar, a retirada das fotos e das iniciais de nomes e sobrenomes dos jovens publicadas no site da revista e da Editora Abril. A Defensoria Pública ainda solicitou a retratação pública sobre a reportagem e indenização por danos morais. Até agora, o império midiático da famiglia Civita ainda não se pronunciou sobre a sentença. De qualquer forma, o trabalho sujo já foi feito. A capa terrorista da “Veja” serviu de argumento para os defensores da redução da maioria penal e para os golpes do lobista Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal – o novo herói da revista do esgoto.
*Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé