21 de novembro de 2024

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Lalo Leal: Obsessão por terceira via é nova justificativa para velha omissão da mídia

Jornalista, escritor, sociólogo e apresentador de TV, o professor Laurindo Leal Filho é um dos maiores especialistas brasileiros em análise de mídia.

Autor de vários livros, ele também fez relatos jornalísticos importantes. Pessoalmente, em visita à TV Globo, testemunhou quando o apresentador William Bonner se referiu aos telespectadores do Jornal Nacional como Homer Simpsons.

Viomundo

No sábado, o JN dedicou o que no meio é chamado de “lapada” sobre as vigorosas manifestações que pediram o impeachment de Jair Bolsonaro, mais vacinas e aumento do auxílio emergencial para R$ 600.

Não teve entrada ao vivo de repórter.

No domingo, o diário direitista carioca O Globo não noticiou as manifestações na capa, enquanto seu congênere paulista Estadão deu uma pequena chamada destacando “aglomerações”.

Laurindo não desdenha do poder dos barões midiáticos brasileiros, pois acredita que apesar da decadência relativa dos impressos eles ainda tem poder de influenciar outras mídias, especialmente emissoras de rádio que simplesmente reproduzem o que sai na imprensa escrita.

O professor diz que só estranham tal comportamento dos donos de jornais aqueles que desconhecem a História.

No dia primeiro de abril de 1964, quando tanques estavam nas ruas para implantar uma ditadura militar que durou 21 anos, a manchete principal de O Globo foi “Ressurge a Democracia”.

Para Laurindo, os jornalões nativos, todos de direita, representam e falam para 30 milhões de pessoas. São a elite.

E esta elite, diz Lalo, ainda está apostando em uma terceira via nas eleições de 2022 e promovendo a falsa simetria entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

Um apoiador da tortura, que ameaça a democracia diariamente, lembra Laurindo, e outro que exerceu dois mandatos respeitando a República.

Por isso, mesmo as emissoras de notícias 24 horas por dia, como a Globonews e a CNN, não dedicaram à cobertura das manifestações do #M29 o mesmo tempo que dedicariam a outros eventos políticos da mesma envergadura, se fossem alinhados às pautas do empresariado de direita.

Laurindo diz que este comportamento da mídia não é bom sinal para o ano eleitoral de 2022. Sustenta que certamente a Globo e seus satélites continuam apostando suas fichas na política econômica de Paulo Guedes.

Se houver recuperação da economia, mesmo que lenta, como se prevê para o início de 2022, Laurindo não descarta que o papel crítico da mídia em relação ao governo Bolsonaro será amenizado, se isso for necessário para tirar do páreo o que ela considera a grande ameaça: a volta do ex-presidente Lula ao Planalto.