Nicolás Maduro é o grande vencedor das eleições históricas deste domingo (28) e foi reeleito presidente na Venezuela. A Revolução bolivariana, iniciada em 1999 com a vitória de Hugo Chávez, terá mais seis anos – pelo menos – de continuidade.
Guilherme Ribeiro/Diálogos do Sul Global
Segundo os dados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral do país e 80% das urnas apuradas, o chavista obteve 51,2% dos votos, frente a 44,02% do ultraliberal Edmundo González, seu principal opositor e fantoche da verdadeira candidata, a extremista Maria Corina Machado.
Ambos foram seguidos por Daniel Ceballos, Antonio Ecarri e José Brito Rodríguez, todos com 4,6% dos votos cada.
A corrida eleitoral venezuelana tem sido acompanhada com atenção pela comunidade internacional. Presidentes e ex-presidentes latino-americanos deram declarações a respeito do processo e até a candidata democrata à presidência dos EUA, Kamala Harris, se pronunciou, em tom ameno.
Por outro lado, há tensão no ar por dúvidas de como a oposição vai encarar essa derrota. Neste domingo, houve uma tentativa de invasão à embaixada da Venezuela na Argentina. A ação, alimentada por Javier Milei, teve participação da ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich.
Diana Mondino, chanceler Argentina, chegou a publicar números sem nenhuma comprovação para criar um clima internacional favorável ao golpismo:
“Prova de fogo” ao chavismo
Há anos o país caribenho enfrenta uma crise econômica severa, resultado sobretudo das sanções impostas pelos Estados Unidos desde 2015 pelo então governo de Barack Obama.
Como reflexo, milhares de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos, 192 mil em direção ao Brasil só em 2023.
Em janeiro de 2019, a democracia venezuelana foi impactada pelo levante golpista de Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino – com o apoio das potências imperialistas, sobretudo o governo estadunidense – na tentativa de destituir Maduro, eleito democraticamente.
A partir de janeiro deste ano, os ataques ao governo chavista se deram principalmente em razão da inabilitação de Maria Corina Machado pela Suprema Corte venezuelana.
Definido pela extrema-direita e pela mídia neoliberal como um movimento de Maduro par eliminar sua principal opositora, o impedimento de Corina se baseou crimes de corrupção, mas ações golpistas contra o Estado venezuelano também completam o currículo da ex-candidata.
Vale lembrar que todos esses episódios se desenvolvem no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, o que torna ainda mais crucial quem governa a nação e quem determina a exploração desse recurso estratégico: o Estado venezuelano ou companhias privadas – como defende a direita.
A combinação desses e outros fatores fez da eleição deste domingo uma “prova de fogo” ao chavismo, que convocou massivamente seus apoiadores a ir às urnas chancelar, uma vez mais, a revolução socialista iniciada há 25 anos por Hugo Chávez.
Para saber mais sobre a corrida eleitoral venezuelana, confira nossa seção especial: Eleições na Venezuela.
Edição: Vanessa Martina-Silva