O golpe que depôs Dilma Rousseff e, junto a Michel Temer, alçou ao poder uma agenda de regressões brutais e de absoluto desmonte do país, teve participação importante do parlamento, que votou pelo impeachment, e também do judiciário, que o corroborou. Mas talvez nenhum papel tenha sido tão crucial como o jogado pela mídia monopolista, que pautou, insuflou e, desde então, vem sustentando a farsa golpista. Os jornalistas Mino Carta, Maria Inês Nassif e Paulo Henrique Amorim estarão no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454, conjunto 83 – República – São Paulo/SP), no dia 15 de maio, para discutir o tema. Para participar do debate, que tem início às 19h, basta preencher a ficha de inscrição aqui. A entrada é franca.
Além da discussão sobre a centralidade dos grandes meios de comunicação no golpe, também haverá o lançamento do livro Enciclopédia do Golpe Vol. 2 – O Papel da Mídia (Ed. Praxis). Organizado por Mirian Gonçalves e com a coordenação de Giovanni Alvez, Miguel do Rosário, Wilson Ramos Filho e a própria Maria Inês Nassif, que integra a mesa de debate, o livro compila 28 verbetes que exploram o tema. Conforme explica Maria Inês Nassif no prefácio da obra, a proposta da publicação é contribuir para evitar que as gerações futuras dependam apenas do arquivo da imprensa comercial para estudar o período, sob risco de consolidar a visão única imposta pelo monopólio midiático como se tudo tivesse transcorrido dentro da normalidade.
Já Mino Carta destaca, em seu preâmbulo ao livro, que desde a campanha vitoriosa de Dilma Rousseff, em 2014, a mídia passou a esmerar-se em redobrar a agressividade de sua manipulação. Para o diretor de redação da Carta Capital, além de erguer as pontes para o sucesso da aliança entre a Justiça e os poderes da República, a midia aplaudiu a posse de Michel Temer, apoiou a aplicação de sua agenda neoiberal e “ofereceu a ribalta aos inquisidores de Curitiba e Porto Alegre em busca de glória na montagem de um processo que contradiz as regras mais elementares da Justiça praticada em países democráticos e civilizados”.
Confira a lista dos verbetes que compõem o livro e seus respectivos autores:
- Agência Lava Jato, Paulo Moreira Leite
- Comunicação pública, Laurindo Lalo Leal Filho
- Constituição midiática, Rogerio Dultra dos Santos
- Diários nacionais, Fernando Antônio Azevedo
- Fake news, Camilo Vannuchi
- Falso consenso, Miguel do Rosário
- Fascismo, Bajonas Teixeira de Brito Junior
- Fotografia, Lula Marques
- G de golpe, Rodrigo Vianna
- Grupo RBS, Marco Weissheimer
- Imperialismo, Francisco Sierra Caballero
- Manchetes, Olímpio Cruz Neto
- Mercado, Francisco Fonseca
- Misoginia, Eleonora Menicucci e Júlia Martim
- Não regulamentação, Tarso Cabral Violin
- Ódio à arte, Christiele Braga Dantas
- Organizações patronais, Renata Mielli
- Pacto das tevês, Altamiro Borges
- Partidarismo midiático, João Feres Júnior
- Reacionarismo em rede, Sandra Bitencourt
- Redes sociais, Emerson U. Cervi
- Revistas semanais, Frederico de Mello Brandão Tavares
- Sequestro do jornalismo, Frederico Füllgraf
- Telejornais, Bia Barbosa
- Terrorismo econômico, Bruno Santos
- Vocação golpista, Paulo Henrique Amorim
- Voz de deus, Elson Faxina
- Vozes dos donos, Patrícia Cornils
A atividade terá transmissão ao vivo pelo Barão de Itararé. Acompanhe pela página: facebook.com.br/baraomidia