A existência da democracia pressupõe um sistema de comunicação também democrático. E na opinião do professor, jornalista e sociólogo Laurindo Leal Filho (Lalo Leal) em que os meios de comunicação estão ligados a monopólios, defendendo os próprios interesses.
O especialista em análise de mídia foi convidado pelo Programa Balbúrdia desta segunda-feira (18) para falar sobre a ausência de regulação no setor, em alusão ao Dia Nacional da Luta pela Democratização da Comunicação, celebrado no dia 17 de outubro.
“O Brasil é um dos grandes países democráticos em que ainda existe uma concentração tão grande dos meios de comunicação que não permitem o contraditório, que não permitem que circule pela sociedade visões diferenciadas daquelas que são defendidas por esses meios, que, na verdade, são porta-vozes de setores empresariais e têm interesse em várias outras áreas da economia que vão além da comunicação em si”, detalhou o doutor em Ciências da Comunicação.
O professor defende que a mídia tradicional protege os interesses dos grupos aos quais se associam e que esses interesses não são favoráveis aos mais pobres. A isso se soma o desconhecimento do público a respeito da propriedade dos veículos.
“Quando você pergunta para uma pessoa de quem é o canal de televisão A ou B, eles dizem que é do Silvio Santos, do Roberto Marinho. Não há a consciência de que eles não são dessas pessoas. Essas pessoas são concessionários de um serviço público, tiveram uma concessão outorgada pelo Estado para oferecer o serviço de informação, entretenimento, educação”, aponta, ao se referir à Constituição Federal e criticando também a hegemonia do eixo Rio-São Paulo na televisão brasileira.
Laurindo se diz incomodado cada vez que ouve alguém dizer que “o melhor controle é o remoto”, porque “quando você muda de um canal pra outro, muda do mais pro mesmo. Muda apenas o cenário, o apresentador, mas as ideias são as mesmas sempre”.
Para ele, é necessária uma regulação da mídia que abra espaço para mais ideias. E para que isso aconteça, é preciso divulgar informações sobre o que é a regulação – algo que não partirá dos meios de comunicação de massa.
“Nós não queremos diminuir as fontes de informação. Ao contrário: nós queremos multiplicar. Queremos que mais ideias possam ser discutidas pela sociedade.”, detalha o especialista.
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